Conforme se populariza, a tecnologia vai mudando as formas como consumimos, trabalhamos, interagimos e, por que não dizer, vivemos. E poucos avanços tecnológicos provocaram tantas mudanças em nossas vidas quanto a internet e os smartphones.
Esse processo de mudança, no entanto, costuma ser bastante turbulento. Muitas das novas formas de consumir e interagir propiciadas pelos smartphones e pelos aplicativos entravam em conflitos com leis ou padrões sociais já existentes.
Vem então a polêmica. Alguns apps oferecem serviços descaradamente ilegais, outros entram em conflitos com padrões de comportamento estabelecidos na nossa sociedade, ou enfrentam os interesses de empresas poderosas, e por isso acabaram se prejudicando.
Independentemente do motivo, confira abaixo alguns dos aplicativos que causaram mais polêmica nos últimos anos.
Lulu
Quando foi lançado pela primeira vez no Brasil em 2013, o Lulu era um aplicativo só para mulheres que permitia a elas avaliar os homens com quem já haviam saído. Essa funcionalidade, aliada à exclusividade para mulheres, provocou a ira dos homens. O aplicativo foi alvo de processos e foi tirado do ar em 2014. Esse ano, porém, ele foi reformulado e logo voltará a estar disponível para smartphones, ainda voltado primariamente para mulheres mas com algumas funcionalidades para os homens.
Uber
A rixa dos taxistas com o Uber dispensa apresentações. O aplicativo, que oferece um serviço de motoristas particulares, concorre diretamente com eles - e não se sai mal, oferecendo carros mais novos e preços competitivos. Por outro lado, o Uber também enfrenta denúncias de não respeitar os direitos trabalhistas de seus motoristas, e chegou a ser proibido na Índia após um motorista estuprar uma passageria. Em São Paulo, já foi proibido, depois permitido de novo, e essa história promete ainda render bastante.
Phone Story
Trata-se de um joguinho para iPhone que inclui quatro mini-games. Cada um deles representa uma etapa na cadeia produtiva de um smartphone, e todos são bastante perturbadores. Eles retratam trabalho infantil, condições degradantes de trabalhadores chineses e as consequências de problemas ambientais para os quais o mercado de smartphones contribui. Por esses otivos, o aplicativo foi banido da Apple Store horas após seu anúncio. Foi tempo suficiente para que 901 pessoas o comprassem, segundo os desenvolvedores.
Secret
A ideia do Secret, lançando no Brasil em 2013, era de permitir que as pessoas postassem anonimamente qualquer coisa, e lessem também outras postagens anônimas de usuários do aplicativo. E, como tantos outros serviços que oferecem anonimanto, o aplicativo acabou sendo usado para a propagação de discursos de ódio e de “bullying virtual”. Isso fez, primeiramente, que o aplicativo fosse proibido em alguns estados brasileiros; meses depois, porém, o próprio criador decidiu encerrar o aplicativo para encerrar a polêmica.
Who Is Happy
Criado por um brasileiro, o Who Is Happy é um aplicativo que mostra onde, na sua cidade, as pessoas estão fumando maconha. Os usuários podem fazer uma espécie de checkin quando estão “felizes” e o aplicativo registra sua localização (com precisão de 1km, para não por demasiadamente em risco sua privacidade). Com base nesses dados, ele também consegue mostrar quais são as regiões mais “felizes” da cidade e quais são os países mais “felizes” do mundo. A polêmica veio do fato de a venda de drogas ainda ser restrita por lei no Brasil. Apesar disso, ele ainda pode ser baixado para Android e iPhone.
Snapchat
O Snapchat não é, em si, polêmico: ele permite que os usuários compartilhem fotos e vídeos que só ficam disponíveis por alguns segundos e depois são apagadas até mesmo dos servidores da empresa - supostamente. A empresa já enfrentou acusações de não respeitar a privacidade das informações dos usuários e de divulgação de pornografia infantil após hackers vazarem uma grande quantidade de imagens e vídeos (que já deveriam ter sido apagados) de usuários do aplicativo. Desde então, ele passou a ser segmentado para maiores de idade e continua operando normalmente.
Bang With Friends / Down
O Bang With Friends estreou como um aplicativo para Facebook. Ele permitia que o usuário marcasse com quais pessoas da sua lista de amigos ele se disporia a ter um encontro sexual e, em seguida, mostrava aos usuários quais dos amigos que ele marcou também tinham marcado ele. Com isso, esses encontros se tornavam mais fáceis. Os problemas começaram quando uma falha de segurança do aplicativo permitiam que usuários da rede social vissem quais de seus amigos o estavam utilizando. Desde então, o aplicativo mudou de nome para Down, migrou para iOS e Android e foi reformulado para se parecer mais com o Tinder.
Rastreador de namorado
“Faça seu namorado levar um espião no bolso”. É assim que o Rastreador de namorado descreve o seu serviço. Ao ser instalado no smartphone de outra pessoa, ele pode ser configurado para enviar a outro smartphone dados sobre toda a atividade daquele dispositivo, tais como “cópia de SMS” e “Registro de chamadas”. Além disso, o smartphone com o aplicativo instalado também é capaz de transmitir sua localização para o número configurado sem que o dono do aparelho fique sabendo. Embora ele informe que só deve ser instalado “com o consentimento de seu parceiro”, é fácil imaginar que as coisas nem sempre sejam assim tão simples. O aplicativo foi banido tanto da loja do Google, mas mesmo assim ainda pode ser encontrado pela internet.
LeiSeca Maps
Quando foi lançado, o Waze causou alguma polêmica porque permitia que os usuários vissem onde estavam ocorrendo as blitze da polícia e as evitassem. O Waze ainda possuía muitas outras funcionalidades, mas o LeiSeca Maps não. O objetivo principal dele é permitir que os usuários compartilhem a localização de batidas policiais durante a noite. Com isso, os motoristas que beberam antes de sentar diante do volante poderiam evitar os policiais. Apesar da controvérsia, ele ainda está disponível tanto na Apple Store quanto na Google Play.
SkipLagged
O SkipLagged tem como objetivo ajudar seus usuários a encontrar passagens de avião mais baratas. Ele faz isso aproveitando as escalas dos vôos, selecionando vôos que possuem poucos assentos vagos e que saem em pouco tempo (e que, por isso, acabam sendo bem mais em conta). Contudo, algumas empresas de aviação, como a United Airlines, viram no serviço uma espécie de “fraude” contra seus negócios, e processaram o criador do aplicativo. Felizmente para quem gosta de economizar dinheiro na hora de comprar passagens, o processo foi arquivado em maio desse ano.
99 Models
Caso não tenha ficado claro, o “Models” do nome do aplicativo é um eufemismo para acompanhantes, ou garotas de programa (ao que parece, o aplicativo só oferece garotas, e não garotos). Usuários podem selecionar as acompanhantes a partir de uma espécie de menu e usar o aplicativo para combinar encontros e preços com elas. Independente da perspectiva sob a qual se olhe o aplicativo, é difícil discordar de que se trata de uma ferramenta que facilita a prostituição, o que faz com que seu status legal seja bastante questionável.
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